O DIVINO EM BARRA
VELHA
A Bandeira do Divino
Os devotos do Divino, vão abrir sua morada,
pra bandeira do menino, ser bem-vinda, ser louvada. Deus vos salve esse devoto,
pela esmola em vosso nome, dando água a quem tem sede, dando pão a quem tem
fome. A bandeira acredita, que a semente seja tanta, que esta mesa farta, que
esta casa seja santa. Que o perdão seja sagrado, que a fé seja infinita, que o
homem seja livre, que a justiça sobreviva. Assim como os três reis magos, que
seguiram a estrela guia, a bandeira segue em frente, atrás de melhores dias. No
estandarte vai escrito, que ele voltará de novo, e o rei será bendito, ele nascerá
do povo. (Ivan Lins)
A história oficial diz
que os festejos ao Divino Espírito Santo em Barra Velha , foram
organizados pela família de Joaquim Alves da Silva, considerado o fundador de
Barra Velha, há, aproximadamente, dois séculos. A tradição oral enfatiza que
Dom Pedro II e a Imperatriz Dona Thereza Christina, em visita à Província de
Santa Catarina em 1845, foram convidados a participarem dos festejos em Barra Velha. Na
impossibilidade de comparecer, o Imperador enviou um casal de nobres para
representá-los. As fontes documentais, indicam a ocorrência da Festa do Divino
Espírito Santo em Barra
Velha , desde 1918, sob os cuidados da família Borba,
entretanto, sabe-se que sua origem é mais remota.
Os familiares do Sr.
Sinval Moura (in memorian) foram os
“guardiões” dos símbolos das festas anteriores a 1918. Uma pombinha de metal e
um estandarte de veludo vermelho onde
está bordado o Espírito Santo.
Atualmente, essas peças, podem ser visitadas na
Matriz de Barra Velha, juntamente com as coroas e bandeiras utilizadas nas
festas atuais. As fontes documentais e orais a partir de 1918, tornam-se mais
precisas, quando o senhor Pedro Francisco Borba Coelho (in memoriam) assumiu a responsabilidade da realização das festas e
zelo pelos símbolos, tradição mantida pelas novas gerações. Desde 1918, somente
em 1940 (II Guerra Mundial) e em 1990 (falecimento do Pároco Frei Libório) a
Festa não foi realizada.
A Festa do Divino é
marcada por uma profunda religiosidade popular. Todos os anos, aproximadamente nos
dois meses que antecedem a Festa, as bandeiras (uma azul e outra vermelha)
percorrem os municípios de Barra Velha e São João do Itaperiú.
Primeiramente os
fogos e o tambor anunciam que as bandeiras, juntamente com os foliões,
carregadores das bandeiras e devotos se aproximam. A visita das bandeiras às
famílias geram uma grande emoção, principalmente nos mais velhos. Os foliões
entoam suas cantorias, uma oração é realizada, a oferta é entregue e o convite
para os festejos marca a passagem das bandeiras nas famílias. Ocorrem também as
novenas preparatórias que, de alguma forma, lembram as antigas festividades
onde “tudo era gratuito”. Após as celebrações, os noveneiros (instituições do
município) oferecem uma janta aos participantes das novenas.
Seguindo o calendário
litúrgico, a Festa ocorre junto à celebração do Pentecostes e, por três dias,
Barra Velha vive um clima diferente: é a Festa do Divino. As procissões com o
cortejo imperial, empregados de vela, alferes das bandeiras, trinchantes das
coroas, Imperador e Imperatriz, foliões, celebrantes e devotos do divino,
envoltos numa rica simbologia, sendo o ápice das procissões e celebrações a coroação
dos Imperadores.
Quando o cortejo segue para a “Casa do Império” a festa ocorre
nos arredores da Igreja e proporciona encontros e reencontros da comunidade
barravelhense e visitantes. Na segunda-feira, feriado municipal, encerra-se o
ciclo do divino, quando o cortejo segue para a Casa do Império e posteriormente
levada para a Matriz, onde permanecerá para visitação pública até o ano
seguinte, quando o ciclo recomeça: as portas se abrem, os fogos e o tambor
anunciam, pois o divino vem chegando e que assim seja por muitas gerações.
Por Juliano Bernardes
Historiador e Professor
Diretor Cultural da Irmandade do Divino Espírito Santo e Diretor
de Cultura da Prefeitura Municipal de Barra Velha
julianobernardes@yahoo.com.br
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