Sob as
Bênçãos do Divino
Após o silêncio da quaresma e a euforia da ressurreição, o
tambor e os fogos anunciam que o divino está chegando. Os devotos abrem as suas
casas e recebem as Bandeiras que trazem consigo a esperança de dias melhores.
Símbolo da tradição de um povo, as Bandeiras desencadeiam uma profusão de
sentimentos. As lembranças são evocadas, pois muitas gerações vivenciaram as
antigas festividades. Aqueles que aqui permanecem, descortinam as memórias dos
que se foram: as festas onde tudo era gratuito. As prendas e quermesses. A pequena
capela voltada para o mar. As melhores roupas. As festividades que os seus
familiares realizaram. Os bailes e suas bebidas. O Sagrado e Profano.
Quantas lembranças.
Quanta saudade... A canção dos foliões emociona os devotos e com a Bandeira nas
mãos depositam a esperança de dias melhores e a gratidão por graças alcançadas.
O câncer que foi curado. O aborto que não aconteceu. O emprego que finalmente
chegou... A Bandeira se despede, mas promete voltar...
Após a novena, eis que chega o grande dia. O belo cortejo
imperial. Os fogos. A linda coroação. As comidas e bebidas. A música. Os encontros
e reencontros. A transferência da corte imperial.
Com o silêncio do tambor, chega a saudade. Com a saudade, vem a esperança
de rever o divino, na linda Festa do Divino de Barra Velha!
Por Juliano Bernardes
Professor e Historiador
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